Futsal - Salto maior que a perna? No Barreiro há um histórico com noção de chão :: zerozero.pt

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20200629 Futsal 20 21Estes tempos estranhos obrigaram a algum improviso e esta Prova de Acesso foi a solução para encontrar as duas equipas que vão subir à Liga Placard. Entre 16 e 20 de setembro, em Torres Novas, 11 equipas vão disputar a prova. O zerozero falou com os treinadores e traz-lhe uma análise a todas as equipas presentes.

Um histórico do desporto português que está no meio da luta pela subida de divisão... e que não se quer colocar em bicos de pés. Em 2018/19, o Barreirense estava na Distrital de Setúbal e duas épocas depois está a lutar por um lugar na Liga Placard, prova que nunca disputou. Pelo meio, uma impressionante prestação na Série F da II Divisão, onde conseguiu um surpreendente segundo lugar e consequente acesso à fase de subida.

 O plantel não é o mesmo. Bem longe disso. Da última época para esta transitaram apenas três jogadores e o plantel é completamente novo, algo que não ajuda no sonho da equipa do Barreiro. O orçamento sofreu um corte importante e o Barreirense decidiu apostar em jovens e talentosos jogadores do seu raio de ação. O técnico, esse, também é novo, e é um experiente técnico da Margem Sul: Paulo Mendes, antigo internacional.

Em entrevista ao zerozero, o técnico explicou o porquê de ter aceite o desafio do clube da sua terra e admitiu que a estrutura não acompanhou os resultados. Por isso, reafirmou, é importante não perder o foco e dar um passo maior que a perna. Sem nunca se esquecer que comanda um histórico que tem legítimas aspirações a sonhar com o principal escalão.

Antevisão de Paulo Mendes

Como é encarada a subida?:«Começo pela parte da pandemia, que está a dificultar a vida a toda a gente... Em termos de resultados, cresceu-se mais depressa do que em termos estruturais. É como se tivesse feito primeiro o telhado e só depois as paredes. A estrutura não acompanhou os resultados. Em termos de envolvimento tem sido feito o melhor possível. Mas por muito que as pessoas se esforcem, este contexto que atravessamos não tem sido fácil. Quando eu chego ao Barreirense, o plantel sai quase todo. Só ficaram três jogadores, a equipa é praticamente nova. Em termos de orçamento, é um terço do início da época passada. O recrutamento teve de ser diferença. Mas temos confiança que temos as mesmas condições que os outros. Vamos lutar jogo a jogo. Temos condicionantes, mas as pessoas têm a esperança, que era giro. Ser giro era tudo giro... Em março foi-me proposto, antes da reestruturação, ficarmos na II Divisão. E a reestruturação muda o figurino das coisas. Disputarmos a subida foi quase um bónus. Não tenho como grande objetivo subir, mas depois de lá estarmos... vamos lutar para ganhar todos os jogos. Para nos ganharem vão ter de dar às canetas, vão ter de ser mais fortes que nós»

O que o fez aceitar este convite?:«Para já não tinha clube, estava a treinar os miúdos do EB D. João I no Nacional de Sub-20 por causa do Nível III. Para todos os efeitos, moro no Barreiro há 50 anos... e é a equipa da minha terra. Acho que faz todo o sentido e dentro do distrito é dos projetos mais aliciantes. O Barreirense tem mais de 100 anos de história. Tens gente que não é do Sporting nem do Benfica, é do Barreirense! Acho que fazia todo o sentido treinar a equipa da minha terra»

20200915futsal paulo mendesComo se prepara a equipa nesta indefinição?:«Em março fez-se o plantel para ficar na II Divisão. Isto é um salto maior que a perna. Disputarmos o acesso à I Divisão... é preciso ter cuidado. Se não conseguirmos, temos de conseguir mobilizar-nos e com vontade de jogar a II Divisão. Às vezes a desilusão é tão grande que não arranjamos motivação para o resto da época. É preciso arranjar um meio-termo. Se não conseguirmos, pensar que a nossa realidade é esta II Divisão. Se subissemos, tínhamos de tentar perceber se era com este plantel que tínhamos condições para conseguir mexer na época. Que é quase impossível para nós. Jogamos com o que temos. Se não conseguirmos, temos de manter o foco em termos motivacionais»

O Plantel: «Fizemos o plantel possível com o dinheiro que tínhamos. Com muitos miúdos novos, mais de metade do plantel tem 21 ou 22 anos. Há coisas que se ganham e que se perdem... Não temos capacidade. É o plantel possível. Se me perguntares se gostava de ter outro tipo de plantel? Gostava. Mas temos o plantel possível com o dinheiro disponível. E até temos um plantel girinho, engraçadinho»

Como se prepara uma prova destas?:«Neste caso, olhamos só para dentro. Esqueçam o sorteio. Quem quer chegar à I Divisão, não escolhe adversários. São os que lá estão. Tenhamos nós capacidade para isso... Não nos podemos adaptar às outras equipas. Olhamos só para nós. Não sei se vamos ter acesso a ver os jogos dos adversários... A única coisa que podemos tentar adaptar é se podermos ver os jogos dos adversários, partindo do princípio que passamos da I Eliminatória»

Texto por Bruno Filipe Simões in zerozero.pt